​Pavilhão Carlos Lopes está de novo ao serviço dos lisboetas

O Pavilhão Carlos Lopes foi reabilitado e reinaugurado no passado fim de semana, 14 anos após ter encerrado por falta de condições de segurança. Está agora aberto ao público com visitas gratuitas à exposição permanente de homenagem ao atleta olímpico Carlos Lopes e à instalação multimédia temporária sobre os 20 anos do Turismo de Lisboa.
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Há pouco mais de um ano não passava de um edifício devoluto em estado de profunda degradação num dos locais mais emblemáticos de Lisboa. É uma memória coletiva, como muitos lhe chamam, por ter marcado profundamente várias gerações que por ali passaram para assistir a concertos, exposições, sessões de cinema ou mesmo comícios e congressos partidários entre as décadas de 70 e 90. Em 2003, o Pavilhão Carlos Lopes viu-se forçado a fechar as portas por falta de condições de segurança e desde então foi deixado ao abandono. Hoje, reaparece de cara lavada após uma reabilitação que preservou a sua história e o transformou num espaço multiusos que está de novo ao serviço dos lisboetas.


Todas as fachadas, áreas e elementos de interesse patrimonial foram restaurados, mantendo as suas caraterísticas originais, nomeadamente os azulejos, elementos decorativos, torreões e Salão Nobre. A entrada principal conservou os painéis de azulejos, em azul e branco, que representam marcos da História de Portugal com temas dedicados a Sagres, à Batalha de Ourique, à Ala dos Namorados na Batalha de Aljubarrota e ao Cruzeiro do Sul, produzidos pela Fábrica de Sacavém em 1922. Foram também preservadas as esculturas "Arte" e "Ciência", de autoria e execução do escultor Raúl Xavier, mantendo a magnitude e beleza do edifício em harmonia com o espaço envolvente.


Pensado para o futuro, o Pavilhão Carlos Lopes está agora dotado de uma sala de 2000m2, apta a receber os mais variados eventos e tem ainda vários espaços autónomos, como um átrio central de 180m2 revestido a azulejos, dois foyers com 280m2 e um Salão Nobre de 180m2, que fazem dele um espaço moderno e completo.


O investimento total foi de cerca de 8 milhões de euros, sob a alçada da Associação Turismo de Lisboa, a quem o espaço foi cedido em direito de superfície.
"Este dia significa para muitas pessoas da cidade de Lisboa pormos fim a uma situação de abandono de algo que tem uma marca profunda no imaginário da cidade e do nosso país. É a devolução do pavilhão à cidade e a todos nós", sublinhou Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, durante a cerimónia de reabertura, no passado sábado.


Foi em meados dos anos 80 que recebeu o nome de Pavilhão Carlos Lopes, em homenagem ao campeão olímpico. Nome que a partir de agora também acolhe dentro das suas paredes através de uma exposição permanente sobre a vida e obra da referência mundial do atletismo de longa distância. Ali estarão dispostas peças e vídeos cedidos pelo próprio.
"É uma satisfação enorme por duas razões: primeiro porque se abre um espaço que estava degradado. É um espaço com história e voltar aqui permite-nos reviver esses momentos. Gostava que se realizassem aqui todo o tipo de eventos, desde que fossem bons para a cidade. Quanto à exposição permanente, sinto-me feliz e orgulhoso. Em 84 [quando ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Los Angeles], a sensação foi de dever cumprido. Era uma meta minha e para a qual trabalhei imenso. Por isso é que toda a gente reconhece esses momentos. É um orgulho muito grande!", confessa o atleta.

Para além da exposição de Carlos Lopes, o espaço vai receber até dia 19 de março uma instalação multimédia sobre a cidade que assinala os 20 anos do Turismo de Lisboa.


O Pavilhão Carlos Lopes foi projetado em 1921 pelos arquitetos Carlos Rebelo de Andrade e Guilherme Rebelo de Andrade para representar Portugal na Exposição Internacional do Rio de Janeiro de 1922. Atravessou o oceano, mas voltou sete anos depois para ser reconstruído no local onde se encontra hoje, no Parque Eduardo VII.


Durante as décadas que se seguiram acolheu eventos desportivos, entre os quais o campeonato mundial de hóquei em patins de 1947, no qual Portugal se sagrou campeão. Foi também palco de exposições, sessões de cinema e concertos, recebendo vários nomes nacionais e internacionais. Tornou-se um espaço incontornável na cidade, dando lugar ainda a variados eventos políticos após o 25 de abril.

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