Byou: a marca que nasceu por brincadeira e já criou postos de trabalho

Patrícia tem 39 anos e consegue ser uma mistura de várias gentes. É versátil e um pouco teatral. É sonhadora e vive por vezes num mundo à parte, chegando a acreditar que é possível existir uma sintonia perfeita e permanente entre o meio que a rodeia. E foi, talvez o fato de sonhar que a fez, numa altura em que o desemprego lhe bateu à porta, arrepiar caminho e criar o próprio meio de sustento. Aproveitou o fato de já ter um blogue onde partilhava textos e tendências que lhe interessavam para começar a divulgar peças de bijutaria e, mais tarde, roupas. Assim nasceu a BYou. Uma marca que, aos poucos, vai conquistando terreno e que já dá, por meio das vendas, para a mentora do projeto se sustentar e pagar a terceiro por serviços prestados.
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Como surgiu a marca Byou? Foi o desemprego que a obrigou a buscar algo diferente para a sua vida?
 
O nome Be You Be Beautiful, surge muito antes de pensar em criar uma marca. Foi o nome que dei a um blogue onde partilhava textos e tendências que me interessavam. Mais tarde, quando fiquei desempregada é que surgiu a ideia de aproveitar os seguidores que já tinha para criar algo mais. 
 
Porque razão decidiu começar pelos acessórios e, só depois pelas roupas?

Criar acessórios era algo que já fazia parte de alguns dos meus hobbys e gostos pessoais. A diferença foi que por incentivo de amigas, comecei a partilhar algumas das peças que fazia que tiveram um feedback muito positivo. Nesta altura, em que tinha tempo disponível para perceber o que ía fazer, foi como um teste. Na realidade nunca pensei que isto se tornasse tão sério. Fiz isto para passar o tempo e porque gostava. A ideia das roupas surge numa fase de evolução da marca, para me diferenciar de milhares de outras marcas de bijuteria que surgiram entretanto.

Nunca trabalhou na área da moda.Quem a ajudou nos primeiros passos?

Desde pequena que adoro moda, texturas, imaginar peças. E desde que me lembro isso fazia parte da vida lá em casa. A minha avó costurava, a minha mãe costurava e faziam as roupas que eu idealizava. Mas eu pouco ou nada sabia costurar, para além de peças básicas. Sempre fui criativa e em pequena uma das profissões que dizia querer seguir era estilista. Até que resolvi ir aperfeiçoar a técnica junto de duas costureiras profissionais. Mas rapidamente percebi que as minhas capacidades estavam mais viradas para a criação, desenho e desenvolvimento da marca.
 
Quem desenha os seus modelos?

Sou eu que idealizo e desenho as peças.

Como foi lançada a marca no mercado?

A marca começa a ter um maior impacto em 2015 no lançamento da primeira coleção (Primavera/Verão 2015). Fizemos o lançamento do site ao mesmo tempo que lançámos a coleção e investimos algum dinheiro em Marketing e Publicidade. A coleção correu bem, saiu muito bem, as pessoas adoraram. Tive a ajuda preciosa de bloguers, media e a participação em mercados que foi talvez a maior forma de chegar a mais clientes. 
 
Que materiais tem como preferidos para os seus produtos?
 
Eu adoro tecidos, texturas. O toque das peças tem de ser bom. É imprescindível! Sou muito exigente com a qualidade dos materiais. Uso muitas sedas, cupros, algodões, linhos e crepons. 
 
As vendas são feitas de que forma? Online ou em espaços físicos?
 
As vendas, inicialmente, eram feitas unicamente online e nos mercados em que participávamos. No lançamento da coleção de Outono/Inverno 2015 senti necessidade de ter um espaço onde pudesse trabalhar e ao mesmo tempo receber as minhas clientes e foi quando surgiu a possibilidade de partilhar uma loja com uma amiga. Neste momento, as vendas dividem-se entre o online, o showroom e os mercados.
 
As roupas são feitas de forma industrial ou prefere o tradicional? Ou seja, feitas por costureiras?
 
Decidi tornar as peças especiais e continuar a proporcionar um conceito de exclusividade e, por isso, as coleções são sempre de quantidades limitadas e feitas manualmente por costureiras.

Cada coleção só tem 15 peças? Porquê? Como consegue gerir durante uma estação? E os tamanhos?
 
As 15 peças não são um numero estático. Podem ser 10 ou 20. Só tenho de ter em conta que consigo gerir e controlar tudo da melhor forma para não falhar com as minhas clientes. Estou sozinha a fazer tudo. Depois, tenho uma costureira principal que é o meu braço direito, e esquerdo e é metade de mim e do projecto :) Em alturas de fabrico são duas e ás vezes três costureiras. Mas dentro das minhas capacidades projecto um numero de peças possível de produzir em quantidades e tamanhos para um período de tempo e a pouco e pouco vou percebendo se posso ir avançando. Um passo de cada vez. 
 
Se, porventura, um modelo terminar e houver clientes a pedir, consegue produzir?

Posso sempre reproduzir qualquer modelo, por vezes pode é não ser no mesmo tecido, porque adquiro quantidades para determinadas unidades e por vezes podem esgotar. Uma das características da marca é a personalização, fazemos peças por medida e já temos feito os nossos modelos noutros tecidos a pedido de clientes. Tentamos tornar os desejos das nossas clientes possíveis, ou aproximar-nos o melhor que conseguirmos.
 
Que investimento foi feito para a marca?
 
No inicio para os acessórios, o investimento foi de pouco mais de 100 euros, para comprar alguns materiais e produzir algumas peças. Depois foi só reinvestir o que facturava. 
Para a criação da primeira coleção de roupa é que já necessitei de um investimento maior, de cerca de cinco mil euros.
Mas o maior investimento na marca é o tempo, o meu tempo é praticamente todo dedicado à marca, só assim é possível fazer acontecer.
 
Já começou a ter retorno? Ou seja, consegue da marca tirar o seu sustento?
 
A BYou é o meu emprego e todo o dinheiro que investi na marca foi dinheiro criado pela própria marca. Retiro um ordenado e vivo disto sim.
 
Pensa marcar presença em feiras para divulgar ainda mais o seu produto?

A participação em feiras por enquanto será sempre na óptica do cliente final, a estrutura é pequena e para já é para manter, porque está a correr bem e sinto que ainda tenho muito a aprender e a crescer neste registo.

Que feedback tem tido?

O feedback é muito bom, sempre maioritariamente positivo e é assim que tenho crescido, sou muito atenta ás necessidades dos outros e estou sempre a querer melhorar. Se alguma coisa corre menos bem eu sou a primeira a tentar perceber porquê e a fazer tudo para mudar a situação.
 
Só tem produtos para mulher? Quando poderá haver para homem e criança? 

Só tenho aquilo para que me sinto capaz de dar resposta a 100 por cento, por enquanto. Gosto de fazer as coisas bem, prefiro focar-me nas roupas de mulher, porque ainda tenho muito a fazer. As coisas acontecem na altura certa e, se chegar a altura em que sinta necessidade de alargar ou mesmo mudar a gama de produtos, assim o farei.
 
Quem é afinal Patrícia Gouveia?

A Patrícia tem 39 anos e consegue ser uma mistura de várias gentes. É versátil e um pouco teatral, facilmente adaptável às pessoas e ambientes. É sensível, defensora dos mais fracos. É uma pessoa que vive muitas vezes mergulhada no seu interior, vive um pouco longe da realidade que tantas vezes a aborrece. Por vezes sente que o melhor lugar para se estar é dentro de si mesma. É sonhadora e vive por vezes num mundo à parte, chegando a acreditar que é possível existir uma sintonia perfeita e permanente entre o meio que a rodeia. Sente de forma muito intensa, a roçar por vezes o dramático. É pouco lógica e isso leva os outros a acha-la isolada, fugidia, pouco coerente. Mas isso tem a ver com as variadíssimas formas com que é capaz de olhar e analisar as situações.

Poucas são as coisas que a fazem ter uma reacção violenta, mas ao sentir-se atingida ou estando perante alguma situação de injustiça, poderá reagir de forma raivosa e agressiva, mas serão sempre reacções rápidas e passageiras. Gosta de ver o mundo cor-de-rosa, sabe que existe o lado feio, escuro, mas opta por pinta-lo de uma forma mais bonita, e tenta fazer isso com a BYOU. Tem um grande amor pelo prazer, pelos animais e por todos os seres humanos bons, mas é capaz de sentir uma enorme raiva e desprezo por situações e pessoas que a desiludam de alguma forma.

Detesta sentimentos como a inveja e a cobiça, autoritarismo e superioridade. Tem vontade de crescer, de aprender, gosta de ouvir, de saber, de evoluir. Foge das pressões e das más intenções, é muito atenta, mas por vezes confusa, mas acaba por dar conta das tarefas à sua maneira. Coloca o coração em tudo o que faz e se não é reconhecido ou retribuído, sofre, pois acredita que o que move o mundo é o amor.

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