
A maioria dos dispositivos existentes para produção de energia a partir da energia cinética do mar usa órgãos mecânicos complexos, bombas hidráulicas ou compressores, aos quais estão associados problemas de atrito, desgaste e corrosão. A nova solução vencedora do evento Sea Call for Innovators na UA prescinde de órgãos mecânicos com movimentos relativos em contato direto com o mar, estando este protótipo inicial instalado num invólucro esférico e estanque, embora possa ser instalado em invólucros com outros formatos. Além disso, os docentes António Ramos, Jorge Ferreira e Marco Santos, do Departamento de Engenharia Mecânica, propõem um dispositivo que não pressupõe amarração ao fundo pois não gera energia baseada em movimentos relativos.
A solução decorre de um outro projeto anterior, com o objetivo de criar o que a equipa de investigadores designa de "implantes ativos”, ou seja, implantes ósseos com sistemas eletromecânicos e eletrónicos no seu interior com capacidade para estimular a integração osso-implante, através de terapias personalizadas baseadas em estimulação eletromagnética. Estes implantes pressupõem geração autónoma de energia elétrica no seu interior, o que levou à conceção de uma solução que permite produzir energia a partir do movimento do paciente.
Este sistema de produção de energia, sabia-se desde início, poderia vir a ter diversas outras aplicações, mas, para cada uma delas, seria necessária a otimização das características do gerador. Neste caso da aplicação ao movimento do mar, será necessário otimizar as características do sistema para esta aplicação específica, considerando a dinâmica do movimento do mar.
Entre os cenários previsíveis de utilização de um dispositivo deste tipo no mar, adiantam os investigadores, está a associação a plataformas eólicas off shore. Tal permitirá o aumento da potência instalada e a redundância na geração de energia, usufruindo das ligações cabladas existentes.
A solução foi selecionada para participar no programa COHITEC deste ano que vai decorrer entre 14 de março e 11 de julho no Porto e em Lisboa.