Geoparque Litoral de Viana do Castelo vence prémio nacional

O novo Geoparque Litoral de Viana do Castelo, nascido de uma investigação da Universidade do Minho, venceu o Prémio Geoconservação 2016, atribuído pelo grupo português da Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico (ProGEO). Este projeto inclui 13 geossítios, cinco deles monumentos naturais, revelando mais de 500 milhões de anos da evolução geológica do planeta.
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O projeto resulta de uma década de investigação de Ricardo J. Carvalhido, da Universidade do Minho. A estrutura é apresentada esta sexta-feira, às 15h30, na biblioteca municipal vianense, assinalando o Dia Internacional do Património Geológico e o Dia Mundial da Terra.

A sessão conta com Ricardo Jorge Carvalhido, geólogo da UMinho e líder científico do projeto, que apresentará o "Livro de Pedra” e um “topoguia”, para apoiar os cidadãos na descoberta do geoparque. Prevê-se ainda a presença do autarca vianense José Maria Costa e da secretária de Estado do Ordenamento do Território, Célia Ramos. O geoparque, em fase adiantada de arranque, é fruto de dez anos de pesquisa de Ricardo J. Carvalhido, incluindo centenas de quilómetros percorridos no litoral, o seu doutoramento, publicações em revistas internacionais e ações/formações para escolas, técnicos de turismo e docentes do básico e secundário.

Bolas de granito parecem atiradas por gigantes

Os monumentos naturais do geoparque são Pedras Ruivas, Canto Marinho, Alcantilado de Montedor, Ribeira de Anha e Ínsuas do Lima. Ricardo J. Carvalhido realça que "têm enorme potencial turístico e educativo, mas também risco de degradação, exigindo medidas de conservação e proteção, algumas delas já iniciadas”. Para o cientista e a autarquia, o geoparque vai promover o turismo sustentável e segmentado, anular a sazonalidade das praias e beneficiar ainda da Ecovia do Litoral Norte, quase pronta.

Em Canto Marinho, as grandes bolas de granito parecem atiradas por gigantes, mas dever-se-ão a gotas de magma que irromperam entre as rochas mais antigas há mais de 300 milhões de anos. A curta distância, surgem 700 pias escavadas na rocha a revelar que ali se extraía sal há 5000 anos. Já as Pedras Ruivas preservam restos de praias antigas, lavradas pelo mar há 125 mil anos, a crer pelas rochas com sulcos de antepassados dos ouriços-do-mar e os penedos aplanados no topo. Numa baía de Montedor há inscrições rupestres. A veiga da Areosa, à esquerda do monte de Santa Luzia, cobre um lago que existiria há 11 mil anos. As ilhotas do Lima serviram de pastos para gado e, nas margens, marcas de antigas salinas indiciam a ação tectónica da falha do Lima. O geólogo da UMinho deseja ver um dos núcleos salineiros reabilitado como centro de interpretação dessa atividade que marcou a região.

Ricardo J. Carvalhido, vianense de 35 anos, licenciou-se em Biologia e Geologia e doutorou-se em Ciências - especialidade de Geologia pela UMinho. Foi pós-doutorando nas universidades de Aveiro e Porto e fez cursos breves nas universidades de Lausanne (Suíça) e Múrcia (Espanha). É investigador do Centro de Ciências da Terra da UMinho e do Instituto de Ciências da Terra e professor do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. É ainda coordenador nacional do Grupo de Geologia Ambiental e Geodiversidade da Quercus, presidente da Quercus de Viana do Castelo e secretário da assembleia-geral da Associação Portuguesa de Geomorfólogos. Publicou 25 artigos, um livro, oito capítulos de livro e foi orador em 24 eventos.

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