Ruínas Romanas de Troia: há muito mais para além da História

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As Ruínas Romanas de Troia são um monumento arqueológico situado na península de Troia, na margem sul do rio Sado. Ali estão monumentalizadas as lembranças de um agregado populacional que se manteve ativo desde o Século I até ao Século VI. As ruínas compreendem construções erguidas durante esse período que foi de grande azáfama industrial e comercial na região que hoje é Troia Portugal. Ali, as suas gentes dedicavam-se sobretudo à pesca e fabrico e exportação de conservas. Troia era então uma imagem de marca de um dos produtos mais estimados no Império Romano – o famoso “garum”. As Ruínas Romanas de Troia são o que resta daquele que foi considerado o maior centro industrial de salgas de peixe desse Império. A localização, a pesca abundante e a qualidade do sal da região potenciaram esta atividade, conferindo-lhe notoriedade por toda a Roma. Atualmente, Troia é reconhecida mundialmente como destino turístico de excelência, com uma paisagem natural ímpar. Hoje, quando se fala em resort Portugal, lembramos Troia.

Nas Ruínas Romanas de Troia podem encontrar-se habitações, túmulos, banhos, casas e um templo de arte paleocristã. Atualmente, no histórico ponto de Troia Portugal, são visitáveis duas oficinas de salga de peixe, um mausoléu, um complexo termal, uma necrópole e uma zona residencial. Acredita-se que naquelas casas de salga era produzida uma grande quantidade de peixe para exportação. O processo arqueológico tem continuando e novas descobertas têm sido feitas. Em declarações à agência Lusa, fazendo o balanço das atividades realizadas durante 2018, a arqueóloga Filipa Araújo Santos revelou que investigações recentes trouxeram “à luz dados curiosos ainda desconhecidos sobre as fábricas de salga", permitindo-nos saber que os romanos já gostavam de lingueirão. "Fomos obrigados a realizar intervenções de emergência, devido às tempestades de março do ano passado, na orla costeira, que colocaram em risco certas áreas do sítio arqueológico. Assim pudemos estudar coisas únicas em fábricas agora descobertas, nomeadamente pequenos tanques cheios de moluscos, popularmente denominado 'lingueirão', e ficámos a saber que os romanos de Troia os consumiam".

As mesmas intervenções arqueológicas revelaram também "a existência de novas áreas residenciais romanas ainda por explorar, talvez umas novas termas". A equipa arqueológica de Troia trabalhou nessas intervenções com a Universidade alemã de Marburgo. "No ano que passou, continuámos as escavações no núcleo a que chamamos de Oficina de Salga 4, e parece confirmar-se que, a determinada altura, os romanos os desativaram e os entulharam com os mais diversos materiais, que fornecem mais pistas sobre o povoado", referiu a arqueóloga citada por várias publicações, entre as quais o Diário de Notícias. "Os tanques têm restos de mosaico, argamassas, cerâmicas, etc., coisas que estavam a tirar de outro lado, provando talvez que estivessem a fazer grandes obras", acrescentou sobre o processo arqueológico em Troia Portugal. Neste projeto, a equipa portuguesa foi ajudada pela American Foreign Academy Research. O complexo arqueológico das Ruínas Romanas de Troia tinha identificadas 27 unidades de produção, designadas por oficinas de salga, sendo classificado como "o maior complexo industrial de salga de peixe do Império Romano que atualmente se conhece".

Cultura em movimento em Troia Portugal

Mas não é só de Arqueologia que vivem as Ruínas Romanas de Troia. Em 2019 continuarão a haver várias atividades paralelas às escavações. Filipa Araújo dos Santos lembrou que está a decorrer um projeto pedagógico em várias escolas da região, intitulado "Garum Nostrum", que culminará no dia 1 de Junho, Dia Mundial da Criança. Já no próximo dia 19 de abril vai estrear nas Ruínas Romanas de Troia a peça "Jogos de Engano", da encenadora Célia Figueira do grupo Ensaiarte, baseada na peça de Molière "O Doente Imaginário”. No dia 20 de abril realiza-se ali o “Espetáculo Equestre”, pela Escola Vitor Rodrigues, que juntará fado e flamenco num espetáculo imperdível. Para junho está prevista a apresentação de "Cavalo de Fogo", que a arqueóloga diz que irá combinar “diferentes artes da dramaturgia e do espetáculo". Esta programação vem na linha de espetáculos anteriores que ali já se realizaram, como o espetáculo teatral “Viriato”, uma peça de Carlos Carvalheiro e Filomena Oliveira, a partir de João Aguiar, da Companhia de teatro Fatias de Cá. Destaque também para a “Noite Assombrada”, que ali recriou as histórias mais assustadoras da Troia Romana.

As referência mais antigas às ruínas de Troia são datadas do século XVI, embora uma pesquisa mais sistemática tenha apenassido levada a cabo no segundo quartel do século XIX. Com esse propósito foi constituída a Sociedade Archeologica Luzitana, que ali realizou uma campanha de escavações. Entre 1948 e 1969 também se realizaram ali importantes campanhas. As Ruínas Romanas de Troia estão classificadas como Monumento Nacional desde 1910. No ano passado contaram com 10.998 visitantes e, depois da pausa de inverno, reabriram ao público no dia 1 de Março.

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