Cache: projeto de aluna do CCMAR em destaque na Marine Genomics

Um número especial da revista internacional Marine Genomics publicado recentemente descreve o uso de novas tecnologias e técnicas científicas que permitiram estudar melhor quatro espécies de bivalves comercialmente importantes na Europa. Estes estudos revelam como é que os moluscos se estão a adaptar às mudanças climáticas e como é que as rejeições da indústria aquícola podem beneficiar o meio ambiente. No fundo a publicação dá ênfase ao projeto denominado Cache e que está a ser desenvolvido por uma aluna do Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR).
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A revista internacional Marine Genomics apresenta, pela primeira vez, num número especial, novas descobertas relativas a quatro das mais importantes espécies comerciais de moluscos na Europa – ostras, mexilhões, ameijôas e vieiras. A indústria de bivalves envolve um valor anual estimado em cerca de 526 milhões, e a rede Cache - Calcium in a Changing Environment -, financiada pela União Europeia, tenta perceber como é que esta indústria pode ser afetada pelas alterações climáticas e pela acidificação dos oceanos.

Esta abrangente coleção de artigos sobre moluscos foi produzida por jovens investigadores como parte do estudo sobre como é que as conchas são produzidas.

A co-autora de um dos artigos, Nádege Zaghdoudi-Allan, estudante de doutoramento no Centro de Ciências do Mar do Algarve e jovem investigadora no projeto Cache diz que “os mexilhões são a terceira família de bivalves mais produzida em aquacultura e são também usados como indicadores biológicos de poluição e outras alterações no ambiente marinho, como a acidificação dos oceanos. Por isso, perceber os mecanismos subjacentes à biomineralização e aos efeitos do stress provocado por fatores externos é vital para a manutenção da segurança alimentar, estabilidade ecológica e da própria sustentabilidade da indústria dos moluscos. Ao usar métodos de ponta como a sequenciação de nova-geração estamos a permitir novos desenvolvimentos sobre o conhecimento dos mecanismos de biomineralização ao nível molecular e funcional".

Deborah Power, professora Catedrática da Universidade do Algarve e investigadora no CCMAR e no Projeto Cache está envolvida neste estudo e acrescenta que "o projecto Cache esta a investir na futura formando jovens investigadores cientificamente capazes mas também dotados com a capacidade de contribuir para um sector de produção importante na Europa: a aquacultura de bivalves. O número especial da revista Marine Genomics surge apenas um ano e meio depois do início do projeto e o conteúdo dos artigos sublinha o impacto relevante do Cache para a ciência e a sociedade”.

A Doutora Melody Clark, investigadora no British Antartic Survey (BAS) em Cambridge, e coordenadora do Projeto Cache Reino Unido, refere ainda que "os nossos oceanos estão a mudar estão a tornar-se mais quentes e ácidos, por isso entender como é que estes moluscos comercialmente importantes conseguem adaptar-se às alterações no futuro é essencial. Estou muito feliz por ver a publicação deste número especial dedicada ao trabalho dos jovens investigadores da nossa rede. Estes resultados preliminares mostram-se promissores para a investigação futura em conchas e de produção de conchas. Esta é uma área com cada vez mais importância uma vez que tem impactos na sustentabilidade e em assuntos socioeconómicos”.

O Cache (Calcium in a Changing Environment) é um projeto Marie Curie Initial Training Network (ITN), com a referência 605051, financiado pelo Sétimo Programa Quadro da União Europeia, cujo objetivo é perceber como quatro das mais importantes espécies europeias de moluscos (vieiras, ostras, mexilhão, amêijoa) produzem as suas conchas e regulam a produção de cálcio sob diferentes condições ambientais. O projeto acolhe 10 estudantes de doutoramento em diferentes centros de investigação europeus.

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