Visitar a Quinta das Carvalhas é entrar Douro adentro, um Douro dedicado aos trabalhos da vinha (poda, escava ou vindima), à reconstrução dos tradicionais muros de xisto e à apanha da azeitona. É contemplar vinhas com mais de 80 anos, encostas com declives inimagináveis, chegando a atingir 70 graus. É admirar os rios Douro e Torto, e a cumplicidade entre a fauna e a flora. É ir para além da vinha, pois há a mata mediterrânica, a floresta, o olival e os jardins construídos com pedras de granito e esteiros de xisto, onde foram plantadas as mais variadas espécies de flores, plantas e ervas aromáticas. É ver a mais antiga região demarcada com outros olhos, (re)descobri-la através das palavras de Álvaro Martinho, o agrónomo responsável pela viticultura da Quinta das Carvalhas e um duriense de corpo e alma, exímio conhecedor do terroir do Douro e dos seus vinhedos, que mostra quão inspirador é este lugar na Terra por meio de uma inusitada analogia ente as vinhas, as castas e as pessoas. É desfrutar de espaço repleto de memórias, como a ‘Ruína’, uma casa secular emparcelada, posteriormente, à Quinta das Carvalhas e recuperada há cerca de dois anos, com um jardim e uma cascata no interior cuja água percorre o traçado esculpido no piso de xisto a lembrar o rio Douro, que passa calmamente lá em baixo, à beira do declive crivado de socalcos e vinhas velhas.
