Competitividade e Internacionalização: mudanças de paradigma

É no calor do mês de agosto que a nossa cronista Benedita Aguiar, diretora na empresa Die Apfel - Formação e Consultadoria, resolve refletir sobre Competitividade e Internacionalização. Os seus pensamentos estão registados no artigo de opinião que nos envia. Aproveite o fim-de-semana para ler e...comentar.
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Competitividade e internacionalização são dois constructos intimamente relacionados, uma vez que a competitividade é necessária para a internacionalização e, por sua vez, a internacionalização implica competitividade, já que qualquer empresa globalizada é, por definição, competitiva.

O reforço da competitividade das empresas, bem como da sua presença no mercado internacional afigura-se como essencial para aumentar a criação de postos de trabalho e reforçar a economia nacional.

Atualmente as empresas são confrontadas com exigências cada vez maiores que resultam de mudanças paradigmáticas, nomeadamente dos avanços significativos ao nível da inovação tecnológica (ex: engenharia genética, novas técnicas microeletrónicas e biotecnológicas, novos materiais, entre outros), da globalização do conhecimento, da transformação metodológica e tecnológica do modelo de produção, do uso de tecnologias inovadoras que causam efeitos profundos, quer nos sistemas de produção, quer nos modelos de negócio.

Para enfrentar tais exigências as empresas necessitam de uma reorganização tanto a nível interno, como ao nível da sua envolvência, sendo muitas vezes necessário introduzir mudanças ao nível da organização da produção, do desenvolvimento do produto e da organização do processo de fornecimento. Ao nível da organização da produção o objetivo central será a redução dos tempos de produção, para responder com eficácia às necessidades dos clientes. No que concerne ao desenvolvimento dos produtos importa traçar uma estratégia coerente entre o desenvolvimento, produção e comercialização. Por último, e no que se refere à organização do fornecimento, é importante reorganizar a pirâmide de subcontratações.

Na sequência dos crescentes requisitos impostos às empresas, estas não competem de forma descentralizada, mas sim sob a forma de clusters empresariais, ou seja, a concentração de empresas com denominadores comuns, no sentido de aportar mais vantagens competitivas. As empresas que atuam em clusters tornam-se mais produtivas, na medida em que a competição incentiva a adoção de métodos mais avançados e de tecnologias de ponta, assim como a criação de produtos e serviços diferenciados.

Os recursos intangíveis são também essenciais para a internacionalização da empresa. De facto, alguns recursos intangíveis são as capacidades de gestão, de produção, o próprio capital humano, a cultura, a capacidade de inovar, a imagem de marca, a atitude empreendedora e proativa dos recursos humanos, entre outros. Para que os recursos intangíveis possam aportar vantagens competitivas eles devem cumprir quatro requisitos: ser valiosos, de modo a permitir explorar oportunidades e/ ou fazer frente a ameaças contextuais; ser escassos entre a concorrência atual e potencial; ser difíceis de replicar pela concorrência e não ter substitutos que possam aportar o mesmo valor.

A internacionalização impõe, pois, que as empresas agreguem uma série de competências que lhes permita obter um grau de diferenciação relativamente aos demais players do mercado. Por outro lado, o êxito das atividades internacionais de uma empresa assenta numa coerente direção estratégica do processo de internacionalização. Neste enquadramento, as fases clássicas de análise, formulação e implantação são essenciais no processo de tomada de decisões de âmbito internacional.

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