Açoriana de coração, a designer arranca das suas raízes a paixão pelas malhas e desde cedo que desenvolve a técnica tradicional. Aos cinco anos, aprende a fazer croché com a avó e malhas com a madrinha, para além das rendas, que são os materiais predominantes nas suas coleções.
Aqui começa o gosto pela moda, mas acaba por ir parar às ciências. Excelente aluna, com excelentes notas, no entanto com péssimo estado de espírito. A sua vida não pertencia, de todo, a uma sala fechada de laboratório. Muda-se para artes mas, a instabilidade que a carreira no mundo da moda oferecia, fez com que a designer demorasse algum tempo a fazer a sua opção. No entanto, a sua naturalidade e espontaneidade em criar, sobrepôs-se a todas as suas incertezas.
O desafio/objectivo era claro: fazer sucesso no mundo da moda!
A noção de que esta é uma arte extremamente exigente e de que são muitos os sacrifícios necessários para alcançar o sucesso, aposta numa formação intensiva de costura durante um ano. Depois disso, e não conseguindo lugar na escola de Design de Moda de Lisboa, faz as malas com destino a uma escola de Londres, "acusada" de formar conceituados estilistas como John Galliano e Alexander McQueen - a Central Saint Martins College of Art and Design. Com previsão de estadia para apenas um ano na cidade Londrina, eis que o seu extraordinário talento salta à vista da sua professora, que decide inscrever a designer na Licenciatura de Design de Moda. E assim se mantém por ali, num período de adaptação nada fácil, pois teve que, aos 19 anos e sozinha, aprender a lidar com o isolamento numa cidade gigantesca. Por fim percebe que estava a viver rodeada de pessoas optimistas e empreendedoras - é esta a mentalidade londrina. Esta formação permitiu-lhe abrir horizontes e trabalhar com nomes portugueses como Fátima Lopes e Alexandra Moura.
A sua determinação, persistência e coragem - palavras de ordem - conquistam os responsáveis da Somerset House, local onde decorre o evento da semana da moda em Londres e consegue apresentar a sua coleção, pela primeira vez, na edição primavera/verão 2012. Mantendo as três palavras de ordem, acaba a desfilar no Victoria and Albert Museum, o maior museu de arte e design do mundo, seguindo-se um showroom na semana da moda em Paris. Os aplausos surgem e as suas peças, sinónimo de um complexo trabalho, arrojada decoração e acessórios, fizeram a notariedade de Susana Bettencourt, que passa a ter novos admiradores. Lady Gaga foi uma delas e Susana é desafiada a desenhar peças exclusivas para esta diva da pop, vendendo assim as suas primeiras peças.
Segue-se o Portugal Fashion, e a partir daí a jovem designer tem sido uma presença assídua em vários eventos internacionais.
Uma marca 100 por cento portuguesa, que apresenta coleções experimentais, usando a tecnologia para criar novos materiais e uma crença apaixonada nas tecnologias futuras adaptáveis à moda.
Até Cristina Ferreira - aqui - já se rendeu a esta marca que tem evoluído de forma destemida mas com passos seguros.
Já deu, dá e vai continuar a dar que falar!!!
Susana Bettencourt no Portugal Fashion, a 14 de outubro, às 15h00, na Alfândega do Porto, na sala principal, num desfile individual, a não perder!