Estudo da ESTeSC reduz radiação nos exames pediátricos e permite diminuir risco de cancro

O estudo “Otimização dos níveis de dose em Tomografia Computorizada pediátrica” é apresentado em livro amanhã, dia 17, às 16h00, na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC). O estudo é da autoria da docente do Departamento de Imagem Médica e Radioterapia Joana Santos, e é responsável por estabelecer os níveis de referência de diagnóstico e a otimização dos valores de dose de radiação nos exames de Tomografia Computadorizada (TC) pediátrica em Portugal. A investigação permitiu alertar os profissionais, implementar novas práticas nos exames de radiologia e diminuir o risco associado à radiação a que as crianças estão expostas quando necessitam de realizar exames de TC.
:
  

Segundo a autora, a Tomografia Computorizada (TC) é o exame responsável por aproximadamente 60% da exposição da população por fins médicos em países Europeus. “Na última década, o uso da TC pediátrica aumentou consideravelmente”, afirma, acrescentando que vários estudos “revelam que os exames pediátricos são realizados com parâmetros de exposição semelhantes aos de adulto”. A docente alerta que “na pediatria o efeito da exposição à radiação é maior”, e acrescenta que existem estudos que “apontam no sentido de uma Tomografia Computorizada crânio-encefálica aumentar três a quatro vezes a probabilidade da criança vir a desenvolver um carcinoma cerebral ou uma leucemia”.

À data do início do estudo, em 2011, Portugal não possuía valores de dose de referência para exames de TC, pelo que o ponto de partida foi uma análise nacional que permitiu a definição da frequência de exames de TC, a caracterização do parque tecnológico e a determinação de Níveis de Referência de Diagnóstico (NRD). Posteriormente foram analisados os valores de dose em TC pediátrica nos três centros de referência pediátrica do país: o Hospital da Dona Estefânia do Centro Hospitalar Lisboa Central, o Hospital Pediátrico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (dois hospitais exclusivamente pediátricos) e o Centro Hospitalar São João. O trabalho experimental identificou parâmetros que permitem a redução da dose média de 13 a 65 por cento sem uma redução na qualidade da imagem, permitindo estabelecer os níveis de referência em Portugal para exames de tomografia de adultos e pediátricos. Os resultados foram comunicados aos departamentos clínicos das instituições analisadas, que passaram a implementar estes valores.

Foram também realizados testes de otimização com fantomas antropomórficos (simuladores) que representam recém-nascidos, crianças de cinco e 10 anos de idade, permitindo assim adequar os protocolos utilizados aos diferentes grupos etários. A especialista explica que, no caso das TC, tem de existir uma adequação do procedimento ao paciente, exemplificando que doentes magros ou obesos são diferentes. No caso de crianças, a variabilidade oscila entre a criança de colo até ao adolescente: “os colegas que trabalham no pediátrico têm de constantemente fazer uma adequação dos parâmetros ao doente”.

A otimização das várias etapas do procedimento também envolveu a melhoria dos protocolos e de um dos softwares utilizado. Porém, a autora do estudo salienta que continua a caber ao técnico adequar os parâmetros ao caso em específico.

Comparando os NRD’s de TC pediátrica nacionais obtidos no início e no fim do estudo, dois anos depois, obteve-se uma redução de 24 por cento dos valores de dose nacionais.

Os valores obtidos neste estudo já foram, entretanto, utilizados como valor nacional para o cálculo de NRD Europeus de TC Pediátrica (PiDRL) promovidos pela Eurosafe Campaing (campanha de promoção de Proteção Radiológica no Espaço Europeu).

Mais nesta secção

Mais Lidas