
A equipa está a criar um sistema inovador para explorar todos os resíduos da azeitona que tenham elevado valor, os quais serão integrados em produtos originais e saudáveis. As tecnologias aplicadas incluem, por exemplo, o uso de pulsos elétricos sobre o "bolo” das azeitonas descaroçadas e semi-esmagadas, permitindo uma extração melhor do azeite, com menor produção de águas residuais.
Por outro lado, o bagaço de azeitona, constituído por restos de polpa, de caroço e cascas, será alvo de extração com fluídos supercríticos (dióxido de carbono), para dali se retirar os óleos essenciais, os quais serão utilizados em alimentos, como o pão biológico. O projeto pretende ser ecossustentável, seguro e atingir os "zero resíduos”, o que o distingue das atuais abordagens, nota a investigadora Joana Carvalho, do CVR.
O trabalho do consórcio começou com as empresas Isanatur e Contactica (Espanha) a fazerem a avaliação técnica e económica dos resíduos da produção de azeite, ficando o CVR e a Contactica a apurarem como tornar o ciclo de produção mais ecológico e vantajoso. A Isanatur irá passar depois as tecnologias dos laboratórios para a escala pré-industrial, onde a Ingenieria para el Desarrollo Tecnologico (Espanha) trabalhará no desenvolvimento de um secador específico para manter a humidade do bagaço controlada em todas as etapas.
Ainda na Espanha, a Universidade de Saragoça afinará os pulsos elétricos para as azeitonas descaroçadas, enquanto na Universidade Autónoma de Madrid serão extraídos os óleos essenciais e levados para a Universidade de Bolonha (Itália) os caraterizar a nível nutricional, funcional e toxicológico, aferindo os benefícios para a saúde. Por fim, a Prometeo (Itália) irá aplicar os óleos em alimentos, como o pão. Os protótipos do projeto serão testados nas empresas Isanatur e Evangelos Mihopoulos (Grécia), respetivamente com uma produção de cerca de 100 e 400 toneladas de azeite, de modo a demonstrar a capacidade industrial do conceito.
A ideia é que a generalidade das empresas do setor consiga obter estes produtos de valor acrescentado sem grandes alterações, eventualmente tendo as tecnologias como unidade móvel, e que os consumidores reconheçam a qualidade dos novos produtos. O EcoPROLIVE centra-se na zona do Mediterrâneo, mundialmente conhecida pela qualidade e abundância das suas azeitonas, mas o consórcio admite que os avanços obtidos possam ser aplicados a outras escalas e países. O site do projeto é www.ecoprolive.eu.