Museu do Oriente mostra a Arte da Falcoaria

Numa iniciativa rara na Europa, pela profundidade e amplitude da abordagem, a exposição “A Arte da Falcoaria de Oriente a Ocidente”, que o Museu do Oriente inaugura a 19 de Novembro, traça o percurso histórico desta prática desde as suas origens no continente asiático, há dois mil anos, acompanhando a sua expansão por toda a Europa, até à actualidade.
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Elevada a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, em 2010, a arte do treino e caça com falcões é apresentada em seis núcleos, integrando 180 objectos e obras de arte, alguns dos quais nunca antes expostos ao público. Tratam-se de pinturas, gravuras, esculturas, têxteis, azulejos e equipamentos, bem como fotografias e vídeos, provenientes de museus, fundações e coleccionadores privados, nacionais e estrangeiros.

O primeiro núcleo – Ornitologia e Falcoaria – é uma introdução às espécies, suas características e estratégia de caça, com destaque para aves autóctones, como o Falcão Tagarote ou a quase extinta Águia Imperial, aqui num raríssimo exemplar naturalizado, do século XIX. Para ver também - e pela primeira vez - desenhos de várias espécies, da autoria dos príncipes D. Pedro e D. Luís.

Falcoaria no Oriente – Prática Histórica apresenta as origens do adestramento de falcões para a caça, uma tradição entre os beduínos nómadas do Norte de África como recurso alimentar, mas também, pelas cortes da Pérsia, Japão e China, como marca de distinção social. Símbolo de beleza e altivez, o falcão surge representado nas artes decorativas e plásticas, como na Antologia de Iskandar, (Pérsia, 1410-1411) ou nas gravuras japonesas de Ando Hiroshige (Japão, séc. XIX).

O núcleo Falcoaria na Europa – Prática Histórica acompanha a disseminação pelo continente a partir do século IV, onde esta arte cinegética conheceu o apogeu na Idade Média, estabelecendo-se como passatempo da nobreza. Muito apreciadas e tão valiosas quanto cavalos puro-sangue, as melhores aves eram oferecidas de presente a reis e príncipes, viajando entre cortes com um pequeno séquito, como autênticos embaixadores.

A prática histórica da falcoaria em Portugal e a actividade da Falcoaria de Salvaterra de Magos, desde meados do século XVI até à sua extinção em 1821, são exploradas nos núcleos seguintes. Aqui se encontram os vários equipamentos usados no treino do falcão, bem como na caça, a par de documentação histórica.

Sem esquecer que se trata de uma prática viva em mais de 60 países, que se traduz em saberes, objectos e vivências culturais, bem como um forte cariz ecológico, a exposição retrata a Prática Actual, na Ásia, do Turquemenistão a Marrocos, e Portugal, incluindo a aprendizagem entre as novas gerações e a actividade dos falcões no controlo aéreo.

Até 6 de Março de 2016, o Museu do Oriente dá a conhecer esta tradição que perdura há milénios, unindo o Oriente ao Ocidente. A exposição é comissariada pela historiadora Natália Correia Guedes.

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