
Ao longo de três anos, os investigadores estudaram duas espécies de nemátodes muito próximas: B. xylophilus, causadora da doença, e B. mucronatus – uma espécie com características morfológicas e ecológicas semelhantes às de B. xylophilus mas que não é patogénica.
Reproduzindo em laboratório as condições do ambiente natural, a equipa quantificou e comparou as proteínas (enzimas) produzidas naturalmente pelas duas espécies de nemátodes e libertadas para o meio envolvente, tendo descoberto que "a espécie B. xylophilus liberta uma quantidade muito maior de determinadas proteínas em comparação com B. mucronatus, podendo ser esta a causa para a sua patogenicidade, ou seja, o aumento da secreção destas proteínas é responsável pela destruição das células do pinheiro e consequente morte da árvore", explica Joana Cardoso.
"Das 422 proteínas quantificáveis nas duas espécies, 158 são libertadas em muito maior quantidade pela espécie B. xylophilus e que muito provavelmente estão relacionadas com a sua patogenicidade", esclarece a investigadora.
Esta nova informação, conclui, "além de contribuir para desvendar os mecanismos envolvidos na doença da murchidão do pinheiro, será de grande utilidade para o desenvolvimento de novas estratégias de controlo do nemátode da madeira do pinheiro que constitui uma ameaça à economia europeia".
Os investigadores vão agora caracterizar e estudar a função destas 158 proteínas que são libertadas em maior quantidade, selecionar as mais relevantes e estudar formas de as silenciar, isto é, de bloquear a sua função.
O estudo, já publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature (http://www.nature.com/articles/srep39007), resulta de uma colaboração entre investigadores do Laboratório de Nematologia do Centro de Ecologia Funcional e da Unidade de Genómica e do Laboratório de Espectrometria de Massa Aplicado às Ciências da Vida do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC.