UMinho: robô “Zeca” ajuda crianças com autismo

Crianças com autismo melhoraram a interação social e o sucesso nas tarefas ao interagirem com um robô humanoide da Universidade do Minho. Este projecto de robótica afectiva é pioneiro em Portugal, tendo sido testado em várias escolas, clínicas e associações de Braga, Porto e Aveiro.
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Conta com a parceria da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) em Braga e o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Hoje celebra-se o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

O robô em causa chama-se “Zeca”, sigla da expressão inglesa “Zeno Engaging Children with Autism”. Produzido pela Hanson Robotics, simula sentimentos como tristeza, alegria, surpresa e medo. As crianças participantes nos cenários de jogo melhoraram os níveis de resposta, envolvimento e interesse na interação. Em concreto, exibiram mais comportamentos não-verbais e tiveram um desempenho significativamente melhor nas tarefas, quer na identificação e imitação das expressões faciais como na inferência dos estados afectivos de colegas. Ou seja, o suporte robótico influenciou positivamente a intervenção com estas crianças, quando comparadas com as que realizaram tarefas idênticas sem este robô.

Um robô “com” sentimentos
A investigação, designada “Robótica-Autismo”, iniciou em 2009 no Centro Algoritmi e no Departamento de Eletrónica Industrial da UMinho, juntando Filomena Soares (coordenadora), Cristina Santos, João Sena Esteves, Sandra Costa, Ana Paula Pereira (CiED-UMinho) e Fátima Moreira (APPACDM). A equipa concorreu de novo à FCT para prosseguir o estudo, que já foi alvo de quatro teses de mestrado e um doutoramento, publicações em revistas internacionais e, inclusive, elogiado como exemplo na “Euronews”. São raros os projectos robóticos que visam melhorar a vida social de crianças com perturbações do espectro de autismo. Na Europa há experiências nas universidades de Zagreb (Croácia), Hertfordshire (Inglaterra) e Catânia (Itália).

Um em cada mil indivíduos tem perturbações do espectro do autismo, sobretudo homens. O seu estado mental caracteriza-se pela tendência a alhear-se do mundo exterior e a apresentar padrões/interesses restritos e repetitivos. Há casos menos severos, como portadores da síndrome de Asperger, que por vezes adquirem autonomia e competências acima da média. A disfunção tem despertado controvérsia na comunidade médica face à especificidade dos casos e às implicações no desenvolvimento cognitivo, linguístico e emocional dos portadores.

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