Dez projectos FAZ-Ideias concorrem a prémio no valor de 50 mil euros

Uma rádio falada em português para crianças residentes em qualquer parte do mundo, um projecto de leitura acessível ou uma empresa que promove o consumo de produtos ligados à colmeia são alguns dos 10 projectos finalistas da quarta edição do concurso FAZ-Ideias de Origem Portuguesa, promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian.
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Os 10 finalistas foram escolhidos pelo júri do Prémio entre 54 novas ideias submetidas ao concurso Ideias de Origem Portuguesa (FAZ-IOP), envolvendo 200 participantes de 29 países. Deste universo foram seleccionadas 10 equipas finalistas, que estarão entre os dias 8 e 10 de Junho na Fundação Gulbenkian a participar num bootcamp sob a orientação do Instituto de Empreendedorismo Social, à semelhança do que aconteceu nos anos anteriores.

Os finalistas habilitam-se a um prémio no valor de 50 mil euros para financiamento dos projectos, dos quais 25 mil euros serão atribuídos ao vencedor, 15 mil euros ao segundo lugar e 10 mil euros ao terceiro. Lançado em 2010 pela Fundação Gulbenkian, o FAZ-IOP surgiu como movimento destinado a apoiar projectos de empreendedorismo social nas áreas do ambiente e sustentabilidade, diálogo intercultural, envelhecimento e inclusão social.

Na última edição, saíram vencedoras as iniciativas Sumos Portugal (primeiro classificado), Salva a Lã Portuguesa (segundo classificado) e Plantei.eu (terceiro classificado). Nas restantes edições, foram distinguidos o projecto Arrebita!Porto, Orquestra XXI, Fruta Feia e Rés-do Chão.

Em 2013, a Fundação Calouste Gulbenkian e a COTEC Portugal uniram-se numa parceria com o objectivo de aproximar a Diáspora Portuguesa do seu país. Através da iniciativa FAZ, as duas entidades irão entregar os respectivos prémios numa cerimónia presidida pelo Presidente da República, no dia 11 de Junho, na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), inserida nas comemorações do Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas.

 Os projectos finalistas são:

Ligação Solidária: Este projecto pretende reaproveitar cabos e carregadores, através da sua recolha, selecção e comercialização. A recolha será feita em envelope próprio dos CTT e a selecção e comercialização efectuada por um fornecedor seleccionado para o efeito. A empresa ganhará o valor correspondente ao custo de produção, não alterando o mercado actualmente existente. Irão ser equacionadas outras utilizações para os materiais que não tenham aparentemente valor comercial imediato.

Teia: A Teia é um marketplace online que quer juntar empreendedores portugueses que pretendam internacionalizar os seus negócios, recorrendo para tal a emigrantes portugueses estabelecidos profissionalmente no estrangeiro. Através da TEIA, os empreendedores têm a possibilidade de contratar serviços de profissionais portugueses estabelecidos nos mercados-alvo dos seus negócios. Os emigrantes, por sua vez, têm a oportunidade de manter-se vinculados ao tecido empresarial português, apesar da sua distância do país.

Colab: O Colab é um laboratório onde se experimentam novas formas de trabalhar em grupo e que serve como modelo para um novo conceito de colaboração que pode ser replicado em qualquer lugar. O conceito Colab nasceu na Finlândia, em 2011. Consiste num conceito open-source para grupos colaborativos que promove a partilha de processos, incentiva a propriedade colectiva de ideias e permite a aprendizagem em conjunto. Todos têm uma ideia ou projecto que os faz mover; em conjunto será mais fácil concretizá-la.

Cidades com asas: Estruturado como um projecto-piloto, esta iniciativa é composta pela construção de um jardim de borboletas, um borboletário e um viveiro de plantas num centro social de Lisboa, que poderá ser posteriormente replicada em escolas ou instituições públicas e privadas noutros locais. A Cidade com Asas tem como objectivo tornar os espaços urbanos mais sustentáveis, recuperar áreas degradadas e, em simultâneo, promover contactos intergeracionais através das actividades educativas desenvolvidas.

Letras para todos: Os últimos estudos mostram que só 25 por cento da população portuguesa tem um nível médio ou alto de literacia. Mas ler é muito mais que juntar letras. Ler melhora a compreensão do mundo e reduz o potencial de exclusão social. E embora a autoestima possa não ter um valor económico quantificável, esta estimula o sucesso económico e social através do desejo de se ser bem-sucedido. Letras para Todos é um projecto de inclusão social através da leitura fácil, tendo como missão tornar acessível a leitura a pessoas que por qualquer motivo físico, psíquico ou social apresentam dificuldades em ler e/ou compreender.

 

Webradio para crianças: Este projecto consiste numa rádio online para crianças falada em português. Os temas, notícias a música e os conteúdos serão direccionados para crianças mas serão igualmente uma ferramenta para os pais, educadores e outras pessoas que trabalhem com este público. Esta rádio tem como público-alvo crianças e famílias portuguesas e/ou luso-descendentes, residentes em qualquer parte do mundo. Os objectivos do projecto passam por proporcionar às crianças o contacto com a língua portuguesa e acompanhar o que se passa no país; e fornecer ferramentas e promover actividades para que os professores/educadores, pais e outros adultos que lidem ou trabalhem com crianças possam ter acesso a um leque variado de recursos digitais.

Manta de Retalhos: O projecto de empreendedorismo social “Manta de Retalhos - Olhar. Criar. Entrelaçar.” pretende contribuir para o acesso às artes em áreas geográficas do país com reduzida oferta artística, tornando as pessoas envolvidas os criadores da sua própria cultura. Tendo como ponto de partida as histórias, as pessoas e o património local, a iniciativa visa trabalhar com comunidades nas áreas artísticas da música, dança, teatro e artes plásticas, interligando as organizações sociais e culturais existentes e promovendo a criação de redes de colaboração. Em simultâneo, a aposta na formação será constante para que os projectos ganhem raízes, cresçam e se tornem autónomos. Os novos projectos serão “entrelaçados” de forma a construir uma rede nacional de partilha, diálogo e apoio às artes e à criatividade. Desta forma, prevêem-se novas parcerias e criações artísticas que irão fomentar a aproximação e interligação entre pessoas, culturas e territórios, antes distantes e desconhecidos, do nosso país.

Beerural:A BeeRural pretende desenvolver a sua actividade centrada na comercialização de produtos da colmeia, como o mel, pólen, cera e própolis. Com o objectivo de se tornar uma empresa de referência no sector, a BeeRural tem como objetivos: fomentar relações de proximidade com os produtores, prestar serviço de consultoria e formação e criar um apiário pedagógico com uma agenda de eventos, como workshops, visitas guiadas e ações de sensibilização. A BeeRural pretende ainda aproximar a comunidade em geral, nomeadamente produtores e crianças do ensino pré-escolar e primeiro ciclo, de modo a alertar para a importância das abelhas no equilíbrio ecológico do planeta, enquanto responsável por grande parte da polinização de culturas.

Cidade Oficina:A espinha dorsal da Oficina é um projecto de investigação-ação participativa e colaborativa desenvolvido por jovens de contextos vulneráveis. Partindo da metodologia de Teatro do Oprimido (TO), este grupo - constituído por 20-25 elementos – será estimulado a refletir sobre um problema social que o afete (enquanto indivíduos e coletivo), procurando alternativas para a sua resolução. Durante um ano, para além do TO, serão utilizadas outras linguagens artísticas e de educação não-formal: photovoice, música, escrita criativa, cenografia, dança e movimento, entre outras. É dessas experiências que partirá a investigação sobre a realidade que querem transformar. A autonomia desse grupo será estimulada ao propor que também eles desenvolvam atividades quinzenais com crianças. Todo o processo será registado através de um documentário colaborativo realizado com a participação efectiva dos jovens em todas as etapas. A Oficina, que será instalada no centro histórico do Porto, pretende acolher um conjunto de associações e artistas funcionando como plataforma de suporte e desenvolvimento das suas actividades: apoio educativo, alfabetização de adultos, debates, workshops, sessões de cinema, refeições comunitárias, feiras de produtos biológicos, concertos ou lojas pop-up.

Rio Frio-Território Criativo: Pretende-se aproveitar os recursos abandonados ou pouco explorados, neste caso o pastoreio em 400 hectares de terrenos baldios, e instalar um rebanho colectivo, (200 cabras autóctones da raça serrana e bravia) em que os habitantes da freguesia e a diáspora são convidados a adotar um animal. Essa adoção pressupõe o pagamento de uma quantia anual. Desta forma resolve-se ou minimiza-se o risco de incêndio diminuindo a carga combustível no território; promove-se o equilíbrio dos ecossistemas e a conservação da biodiversidade, com particular destaque para a preservação da fauna e flora autóctones; desenvolvem-se dinâmicas territoriais e cria-se riqueza que sirva para suprir necessidades básicas e proporcionar algum conforto à população da freguesia de Rio Frio, muito envelhecida e socialmente deprimida. Esta iniciativa complementa outras que visam tornar o território resiliente e sustentável. Espera-se ainda o reforço dos laços afetivos da comunidade emigrante às suas origens e o fomento do espírito solidário entre conterrâneos.

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