Vitorino assinalou 40 anos de carreira no São Luiz

O teatro São Luiz foi, na passada sexta-feira, dia 18, a casa escolhida para Vitorino celebrar quarenta anos de canções tendo como companhia em palco o grupo coral Camponeses de Pias e outros amigos, como Manuel João Vieira, Samuel Úria, Filipa Pais, Ana Vieira e Ana Bacalhau.
Joao Lamancha Valente:
    Joao Lamancha Valente

Na realidade, passam quarenta e um anos desde o lançamento do seu primeiro disco, "Semear Salsa ao Reguinho”, mas o cantor alentejano assume que a "preguiça é uma droga que tomo todos os dias” como que para justificar o atraso da celebração.

Os Camponeses de Pias foram os primeiros a surgir em cena, com duas modas alentejanas cantadas à capela, emergindo lentamente do fosso da orquestra para se depararem com um São Luiz esgotado.

Eis que surge Vitorino com a sua caraterística boina, ajeitada várias vezes durante o concerto, a cantar o "Fado Alexandrino”, um  "fado nonsense” e que foi feito "quando o fado não estava na moda”, seguido pela música que "conta a história de um tocador de concertina que tinha o retrato da namorada nas costas da concertina”, o "Tocador de Concertina”.

Manuel João Vieira, ex- Ena Pá 2000, Irmãos Catita e Corações de Atum, foi o primeiro amigo a subir ao palco porque, segundo Vitorino, "nunca foi homenageado na vida” e o eterno candidato à Presidência da República cantou "Ursinho de Peluche”, um "rock sinfónico”, depois de Vitorino partilhar com o público algumas histórias passadas entre os dois.

"Conhecemo-nos num concerto e vi que o rapaz cantava bem”. Foi desta maneira que Samuel Úria foi apresentado para cantar “A Valsa do Afonso” enquanto Vitorino brincava que “trouxe muitos convidados para não cantar nada!”.

Ana Bacalhau, vocalista dos Deolinda, com "Um Contra o Outro” e Filipa Pais, com "Que o mundo é meu” antecederam as homenagens que Vitorino fez aos poetas António José Forte, ao interpretar a canção “Poema”, a Carlos Mota de Oliveira e a Jorge de Sena, um poeta “rezingão, mas que sabe do mundo” com um “texto lindíssimo e síntese da alma portuga”: “Ana II”.

Na voz da cantora Ana Vieira ouviu-se "Cantar Alentejano”, em homenagem ao companheiro Zeca Afonso, com quem Vitorino aprendeu “a partilhar o palco que é um lugar de muito poder” e “Traz um amigo também”.

Vitorino contava histórias enquanto ia bebendo o seu copo de vinho e, depois de cantar "Moda Revolta”, dedicada "solenemente à ex-Ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque”, explicou a origem do nome do disco a lançar em 2017,  "Não sei do que se trata, mas não concordo” enquanto cantava a música homónima: "Um parente meu que era carpinteiro, a quem chamavam Zé Embirra, uma vez chegou ao Redondense Futebol Clube, onde estava reunida a assembleia geral para eleições dos corpos gerentes ou para aprovar as contas, pediu a palavra e disse: ‘Não sei do que é que se trata, mas não concordo.”

Depois, o cantor do Redondo decidiu chamar todos os seus convidados ao palco para a "Queda do Império” e o mítico “Menina, estás à janela”, músicas que toda a plateia acompanhou a cantar.

Para o encore, ficaram guardadas as canções "Maria da Fonte” e “Vou-me embora, vou partir”, tendo o concerto de quase duas horas terminado com um "cantamos mais uma moda e vamos embora”.

Vitorino foi acompanhado em palco pelos músicos Sérgio Costa, Rui Alves, pelo sobrinho Daniel e pelo irmão Carlos Salomé, por Tomás Pimentel e por Paulo Jorge.

 

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