
A Lusa escreve que a a Câmara de Vila Real avançou com a candidatura do processo de fabrico do barro negro de Bisalhães à lista do património cultural imaterial que necessita de salvaguarda urgente, precisamente por esta ser uma atividade em vias de extinção.
O município disse à comunicação social que se tratou de um "processo complexo que demorou mais de um ano a ser completado" e que na terra já só existem cinco oleiros.
A fonte referiu à Lusa que "este reconhecimento internacional possibilitará partilhar o conhecimento ancestral dos oleiros de Bisalhães com o mundo".
A inscrição na lista da Unesco vai ainda, escreve a Lusa, "motivar a implementação de um amplo plano de salvaguarda que o município de Vila Real idealizou, que vai desde a formação de oleiros, passando pela certificação do processo e até ao incentivo do surgimento de novas utilizações e designs para este material único".
Olaria empreendedora
De referir que dois jovens designers criaram um projeto, a Bisarro, por forma a não deixar esquecer a arte secular dando-lhe um ar mais atual, mais moderno. A ideia da marca surgiu em 2011 num contexto académico. Nesta altura, o Bisarro era um projeto de ilustração que visava apenas a aplicação de elementos gráficos nas peças tradicionais de Bisalhães. Com o passar dos anos o projeto foi evoluindo e amadurecendo alcançando a visão e a missão que caracteriza o Bisarro hoje em dia. Importante referir que desde a sua origem o Bisarro manteve sempre a sua gênese, a valorização e dinamização do barro preto e da arte de Bisalhães.
Ao longo deste último ano os mentores do projeto conseguiram estabelecer algumas parcerias e contatos estratégicos que abriram alguns canais comerciais bastantes importantes para a disseminação no projeto e dos produtos criados por Renato Rio Costa e Daniel Pera.
Cinco Oleiros de idade avançada
Importante é referir que - segundo a Lusa - o principal problema desta atividade, que em março de 2015 foi reconhecido como Património Cultural Nacional, é o envelhecimento dos oleiros. Atualmente, são cinco os que fazem desta arte a sua atividade principal e a maioria tem mais de 75 anos. Tudo porque é considerado um ofício duro, exigente, com recurso a processos que remontam, pelo menos, ao século XVI. O processo de fabrico inclui desde o tratamento inicial que se dá ao barro até à cozedura.
As peças que nascem pelas mãos destes artesãos - escreve a Lusa - são depois cozidas em velhinhos fornos abertos na terra, onde são queimadas giestas, caruma, carquejas e abafadas depois com terra escura, a mesma que lhe vai dar a cor negra.
"O processo é bastante antigo, com características muito peculiares e próprias desta aldeia de Bisalhães e que tem vindo a ser mantido com muito sacrifício por parte dos oleiros atuais", salientou o coordenador técnico da candidatura, João Ribeiro da Silva à Lusa.
Falcoaria de Salvaterra de Magos nomeada
Entretanto, esta quarta-feira, foi conhecida a decisão da Unesco sobre se a arte da falcoaria de Salvaterra de Magos que passou a integrar a lista do património imaterial da humanidade. Importante é dizer que esta é uma técnica difícil e que consiste em treinar falcões selvagens para a ajuda à caça e que perdura há séculos.
A falcoaria (arte de treinar aves de presa para a caça de animais selvagens no seu ambiente natural) é apresentada como uma das mais antigas relações entre o homem e a ave. É praticada há mais de quatro mil anos. Seis anos depois de ter sido inscrita na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Unesco, numa candidatura submetida por onze países, a falcoaria volta a apresentar-se aos peritos internacionais por uma candidatura submetida pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos.
À comunicação social o autarca Hélder Esménio destaca a relação entre a falcoaria e o município que se registou há dois anos como Capital Nacional de Falcoaria.