Famalicão atrai primeiro grande investimento em helicicultura

Vila Nova de Famalicão tem a primeira cooperativa de produtores de caracóis do Norte de Portugal, reflexo da cooperação institucional que a Câmara Municipal cultiva junto de quem quer abraçar iniciativas empresariais e investir no concelho.
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A Widehelix, inaugurada pelo presidente da Câmara, Paulo Cunha, e pelo Diretor Regional de Agricultura e Pescas, Manuel Sousa Cardoso, na sexta-feira, 25 de novembro, reúne já catorze produtores helicículas da região e quer abrir caminho para o desenvolvimento desta área de negócio do sector primário no concelho, num momento em que está a despontar no Norte do país. "Fico muito satisfeito por estarmos perante a concretização das intenções que estão na base deste projeto. É mais um bom resultado do Famalicão Made IN, que faz bem o interface entre os investidores e um concelho que tem potencial de investimento”, nota o autarca. 

A cooperativa de helicicultores tem em Miguel Oliveira o seu principal impulsionador. Natural do Porto, 45 anos, e a residir atualmente na Trofa, Miguel Oliveira era diretor de departamento num laboratório farmacêutico. O gosto pela agricultura fê-lo pensar em novos desafios profissionais. Até que, há cinco anos, enveredou numa aventura pela helicicultura. Que é como quem diz, criar caracóis para fins comerciais. 

Começou de raiz, numa exploração própria, ciente de que o caminho tinha que ser outro e mais arrojado, decidindo então convidar outros produtores para a criação de um projeto para dar escala ao negócio e enfrentar principalmente o mercado externo. 

Pouco tempo depois, da vontade e união de sinergias de catorze helicicultores da região, nasce a ideia da criação de uma cooperativa de helicicultores. A Widehelix é única no Norte de Portugal, com objetivos muito bem definidos: valorizar o sector da helicicultura, garantir mais qualidade ao produto e impulsionar a produção e o volume de vendas. 

Nenhum destes catorze helicicultores é de Vila Nova de Famalicão. Então, por que motivo a cooperativa veio para este concelho – em concreto, para as instalações da Frutivinhos, em Ribeirão, onde tem a sua plataforma logística? "Porque foi em Vila Nova de Famalicão que encontrei resposta para a ambição que este projeto empresarial incorpora, tendo sido acompanhado desde a primeira hora pela Câmara Municipal”, explica Miguel Oliveira. 

A Widehelix controla todo o processo do negócio, desde a produção e transformação à comercialização, e ainda dá formações e consultadoria. “Criamos os caracóis bebés (alevins), que vão para estufas, parrais ou parques ao ar livre para engorda, e depois apanhamo-los. Cerca de 95 por cento vendemos para o exterior e os restantes usamos e vendemos como reprodutores”, esclarece Miguel Oliveira. 

Nestes primeiros três meses a cooperativa já comercializou 12 toneladas de caracóis (ultracongelados, cozidos e frescos), que tiveram como destino Itália, França e Espanha. Impulsionar as vendas para o exterior é principal meta para 2017, com previsões de vendas na ordem das 120 toneladas, a que se junta o aumento do número de associados.

Miguel Oliveira tem na manga alguns subprodutos, como paté e caviar de caracol, que pretende começar a comercializar no próximo ano. A cooperativa desenhou a sua fórmula de farinha para a engorda dos caracóis e também a vende.

E porque a imaginação não tem limites para esta iguaria, que se adora ou odeia, a Widehelix promove já nos próximos dias 10 e 11 de dezembro, nas suas instalações, um festival do caracol (assado e cozinhado). 

 

 

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