ESTeSC lança livro sobre a importância do estudo da bioética

É apresentado amanhã, terça-feira, em livro, pelas 16h00, na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC), o estudo do investigador Adelino Santos que revela que os profissionais de Tecnologias da Saúde que têm formação específica na área da Bioética, são mais interventivos eticamente e mais confiantes no exercício da sua atividade.
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O docente da Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Coimbra (ESTeSC) Adelino Santos realizou uma investigação com o objetivo de perceber qual a importância do ensino da Bioética/Ética médica no quotidiano profissional dos Técnicos de Saúde.

O estudo revela que os profissionais com formação específica em Bioética "estão significativamente mais envolvidos na tomada de decisão ética e apresentam maior intensidade e frequência nos questionamentos morais”, afirma o investigador, ressalvando que o tempo de formação não interfere nesta relação.

"Lidar com problemas éticos deve requerer uma sensibilidade ético-moral aprimorada, que facilite a empatia, a compaixão, a bondade e o interesse pelo cuidado prestado”, afirma o docente. Do mesmo modo, há outros campos que também não devem ser minorados: "reduzir a ansiedade e vulnerabilidade dos doentes, tornar os procedimentos menos traumáticos, apoiar o doente ou familiar a fazer, realmente, a diferença na relação com o Outro”, refere.

Apesar dos técnicos de saúde reconhecerem a importância da formação nas áreas da Bioética/Ética médica, não é essa a realidade do ensino. Adelino Santos afirma que a formação ministrada, atualmente, nas Escolas Superiores de Tecnologias da Saúde (Coimbra, Porto e Lisboa), no geral, tem presentes a Bioética e Deontologia, mas não em todos os cursos. As especialidades estão ainda esbatidas noutras disciplinas, muitas vezes lecionada por professores de outras áreas, como a Psicologia. Segundo os dados recolhidos, existe um amplo reconhecimento da quase omnipresença da Bioética na prestação de cuidados de saúde por parte dos 91,9 por cento dos técnicos que revelaram ter tido Bioética/Ética médica na sua formação básica. Adicionalmente, um terço (37 por cento) tiveram algum tipo de formação avançada ou pós-graduada nestas áreas. Contudo, 8,1 por cento dos profissionais responderam não ter tido educação alguma em Ética nos cuidados de saúde, apesar das evidências de programas de educação contínua (ou mesmo ações formativas pontuais) neste âmbito.

Segundo o investigador, o ensino desta disciplina fica comprometido se não houver congruência entre os conteúdos programáticos e a consecução dos objetivos na área. "Matérias específicas da formação em Bioética/Ética médica e Deontologia, aumentam os níveis de confiança nos julgamentos ético-morais e promovem as tomadas de decisão adequadas”, diz. "Não chega que o processo formativo apenas contemple a Deontologia, pois é a Bioética que aglutina a norma com o respeito pela Dignidade Humana traduzida pela abordagem e empatia na prática profissional”, garante.

Segundo o investigador, os resultados deste estudo podem ter implicações importantes nas diferentes formações das tecnologias da saúde, ao mesmo tempo que revelam que, na perspetiva dos profissionais desta área, a integração dos conteúdos “tem uma influência significativa na otimização dos recursos éticos, na ação moral e na própria autoconfiança do técnico”.

Para Adelino Santos, quando há formação específica nas áreas da Ética e Bioética, ela é muito importante no desenvolvimento do futuro profissional. "Dá mais confiança ao técnico de saúde para o desempenho profissional, que interfere mais eticamente”, explica. Quando isso não acontece, "o profissional está a demitir-se da sua principal missão, que é o cuidar”, afirma.

A recolha de dados foi efetuada junto das três profissões das Tecnologias da Saúde mais representativas (num universo de 18), cujos profissionais estão de maior a menor contacto com o doente, respetivamente fisioterapeutas, técnicos de imagem médica e técnicos de análises clínicas. Os profissionais foram contactados através das associações profissionais mais representativas e sindicatos, para adesão a um questionário em plataforma online, durante um período de 40 dias, tendo-se obtido uma amostra representativa de 1290 respostas válidas. O questionário avaliou a Intensidade e a Frequência dos Questionamentos Morais, a Dificuldade e a Frequência da Reflexão Ética e, por fim, a Satisfação com o Trabalho e Envolvimento nas Decisões.

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