
A plataforma digital móvel, que presta informações sobre zonas consideradas perigosas, faz parte de um conjunto de tecnologias criadas no âmbito do projecto CE4Blind, que resulta de uma parceria entre o INESC TEC, a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) e a Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos da América.
De acordo com o investigador do INESC TEC, João Barroso, o sistema é composto por uma bengala electrónica, uma aplicação móvel e um módulo de visão por computador, que podem ser utilizados em simultâneo ou individualmente.
O método "explora formas de usar tecnologia para potenciar o aumento da autonomia de pessoas cegas" de uma maneira "não invasiva", disse à Lusa o investigador.
"As pessoas cegas podem utilizar estas bengalas da mesma forma como utilizam as tradicionais bengalas brancas, proporcionando-lhes uma utilização confortável e que, ao mesmo tempo, lhes dá informação e alertas sobre o ambiente que os rodeia", explicou ainda. A comunicação faz-se por bluetooth com o software instalado no dispositivo móvel.
Já o módulo de visão por computador permite não só a leitura de texto, mas também o reconhecimento de alguns objectos do dia-a-dia e a validação visual da localização do utilizador. João Barroso destaca a utilidade do sistema em situações onde o utilizador pode ser colocado em perigo, como numa estação de caminhos-de-ferro ou com a aproximação de escadas rolantes.
A investigação, que tem vindo a ser desenvolvida desde 2008, viu este último projecto da linha ser distinguido com o de Inclusão e Literacia Digital, da Rede TIC e Sociedade do Departamento para a Sociedade de Informação da FCT.
A equipa é constituída por seis investigadores e professores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e do INESC TEC e um bolseiro. O próximo passo passa pela instalação de um demonstrador da tecnologia num espaço público, de forma a permitir a avaliação por um conjunto alargado de utilizadores cegos, durante “um grande” período de tempo.