Carlos do Carmo esgota São Luiz no 5º aniversário do Fado Património da Humanidade

Em 2011, sob a alçada da Câmara Municipal de Lisboa, através da EGEAC/Museu do Fado, o fado foi declarado pela UNESCO Património Cultural Imaterial da Humanidade, tendo sido a primeira expressão artística a ser assim declarada em Portugal. No passado domingo, dia 27, o Embaixador da candidatura, Carlos do Carmo, foi o anfitrião de um concerto esgotado no Teatro São Luiz e que fez parte do programa do Museu do Fado para celebrar os cinco anos da distinção alcançada.
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Carlos do Carmo, acompanhado em palco por José Manuel Neto na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola e Carlos Bica no contrabaixo, interpretou “Bairro Alto aos seus amores tão dedicado” e “Menor Maior” antes de se dirigir ao público com um “obrigado pela vossa generosidade”, destacando “também por amizade” o agradecimento ao Primeiro-Ministro, António Costa, que se encontrava presente.

O fadista, que confessou que “neste concerto gostava de fazer coisas não rotineiras e procurei fados que não canto há vinte, trinta ou quarenta anos e descobri que não estão assim tão desatualizados”, teve como primeiro convidado o violinista goês Orlando do Carmo, ecoando na sala o fado “Por Morrer uma Andorinha”, sucedendo-lhe “Se uma gaivota viesse” e “Teu nome, Lisboa”, um fado gravado quando Carlos do Carmo “estava muito zangado com Lisboa”.

Ana Moura subiu ao palco e, dizendo-se honrada pelo convite, cantou “Sou do fado”, “Fado carris” dedicado ao anfitrião e “Porque teimas nesta dor”, a primeira grande paixão por um fado tradicional e ouvido “pela primeira vez na voz da Aldina Duarte”, também presente na primeira fila.

De novo em cena, Carlos do Carmo interpreta temas de Júlio Pomar e de Frederico de Brito e que precederam a homenagem prestada “em nome de todos nós, a tribo do fado” a um “decano do fado, apenas com 96 aninhos: Joel Pina!”.

O músico que acompanhou Amália Rodrigues e que, no meio fadista é tratado respeitosamente por “professor”, mostrou que a idade é apenas um número e tocou “Vem,  não te atrases”, fado de Maria do Rosário Pedreira (ou Rosarinho). Findo o tema, o Teatro São Luiz rebentou em palmas.

“Fado menor do Porto”, com letra de Hélia Correia, foi uma estreia com Carlos do Carmo a revelar que “só ensaiei uma vez..”, mas a confirmar que, mesmo sem ensaios, o fado está-lhe no sangue. Afinal de contas, é filho da grande Lucília do Carmo.

Com “Canoa da vela erguida”, o fadista desafiou o público a cantar “à vontade porque a única pessoa que paga mais impostos quanto mais canta, sou eu!” e, já a terminar, cantou uma nova “Lisboa, Menina e Moça” porque descobriu que “o final que eu canto não é aquele que o Ary (dos Santos) escreveu”.

O concerto findou com um dueto, no encore, entre Carlos do Carmo e Ana Moura e o “Novo Fado Alegre”.

A comemoração do quinto aniversário da elevação à categoria de Património Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO pelo Museu do Fado foi realizada com uma série de atividades  que se iniciaram a 22 de novembro.

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