
Não é possível compreender a história de Ílhavo sem reconhecer o impacto social, económico e cultural que a pesca do bacalhau representa para a região, assim como para o país – um legado histórico extraordinário que merece ser mais conhecido, divulgado e respeitado. E, se a história da Faina Maior costuma ser contada pelos capitães, este projeto pretende dar a vez e a voz aos pescadores, re-interpretando as suas memórias pessoais e prestando homenagem às suas tradições e bravura. Orientados pelos docentes de Design Nuno Dias, João Nunes, Eduardo Noronha e os alunos do segundo ano da licenciatura de Design, no âmbito da disciplina de Projecto em Design II, propõe recordar a cultura marítima de Ílhavo a partir dos seus homens do mar, reinterpretando através do desenho, a memória de histórias e realidades vividas, na primeira pessoa, nessa epopeia milenar.
Os trabalhos resultaram do encontro dos estudantes com os ex-marinheiros da pesca do bacalhau – António Estevão, Carlos Santos, Horácio Velha, Horácio Bagão, José Ferreira, José da Madalena, Severino Tomás e Valdemar Aveiro – que permitiram aos jovens “conhecer homens notáveis que viveram, em carne e osso, uma epopeia milenar, capítulo maior da nossa história marítima”.
Alguns destes homens, lembra a equipa envolvida, “fazem parte da última geração dos pescadores à linha que remavam, solitários, nas pequenas embarcações, os dóris, lançadas dos icónicos lugres bacalhoeiros no Atlântico Norte, pescando o bacalhau que era servido à mesa de todos os Portugueses”.
Como resultado desses encontros, o projeto “Ílhavo – memórias e Identidade, recordar uma cultura” apresenta sete temas ilustrados em serviços de mesa, que pretendem realçar o papel essencial dos pescadores na grande aventura marítima da pesca do bacalhau. As temáticas definidas pelos alunos evocam “o humor dos pescadores como forma de superação das provações das longas e exigentes campanhas, os momentos pessoais e sociais a bordo desses navios, a utilidade e beleza da arte dos nós, as peculiaridades das expressões e da gíria dos marinheiros, os códigos usados na comunicação marítima e os ciclos que se viviam, nas campanhas da pesca, entre mar e terra”.
Sobre estes temas, os estudantes desenvolveram ilustrações que “representam os conhecimentos vividos sobre a faina que os marinheiros-pescadores generosamente partilharam, quer fossem sobre os momentos alegres de camaradagem ou sobre as agruras de uma vida necessariamente precária e perigosa”.
Patente até ao dia 30 de janeiro no Complexo das Ciências de Comunicação e Imagem do DeCA, o trabalho surge no ano da celebração dos 20 anos da formação em design da UA em coorganização com a Câmara Municipal Ílhavo e o Museu Marítimo de Ílhavo.
Para mais informações sobre o projeto poderá ser consultada a página do projeto no Facebook: https://www.facebook.com/memoriaseidentidade/