ESTeSC comprova em estudo benefícios do uso da reciclagem na poupança de CO2 e energia

Foi apresentado na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC), o estudo da investigadora Susana Paixão que mostra que compensa fazer reciclagem, com resultados evidentes na poupança da produção de CO2 e de energia, face ao que seria gasto na produção de novos materiais. A docente analisou recolha seletiva de resíduos em Coimbra e Figueira da Foz e concluiu que há benefícios do uso da reciclagem na poupança de CO2 e energia.
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A docente da Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Coimbra (ESTeSC) Susana Paixão realizou uma investigação com o objetivo de quantificar a energia consumida e de CO2 (dióxido de carbono) emitido na recolha e transporte dos resíduos dos Ecopontos até à estação de triagem, verificar a energia e o CO2 poupado com a reciclagem das quantidades que saem do centro de triagem, e, finalmente, comparar a energia e o CO2 poupado com a reciclagem destes materiais face à produção de materiais novos.

A investigadora, que acompanha esta temática desde a implementação do Plano Estratégico de Gestão de Resíduos Urbanos em 1997, que tinha como objetivos principais,o encerramento das lixeiras e a sua substituição por aterros sanitários, bem como implementação/dinamização da recolha selectiva, quis “responder à pergunta se separar os resíduos compensa”, e os resultados apontam para uma resposta positiva.

Segundo Susana Paixão, verificou-se “um balanço muito positivo no que respeita às quantidades de CO2 que são poupadas com a reciclagem dos resíduos provenientes dos ecopontos comparativamente com a quantidade de CO2 emitido com a sua recolha e encaminhamento para a estação de triagem”.

Por outro lado, afirma, a investigação permitiu chegar à conclusão “que também conseguimos poupar energia ao reciclarmos os materiais recolhidos, quando comparamos com a energia que é gasta com a recolha e transporte destes mesmos materiais”.

Segundo a investigadora, até ao momento não havia nenhum estudo em Portugal com estas características. O estudo desenvolveu-se com a análise dos dados obtidos através dos dados disponibilizados pela ERSUC, empresa gestora dos resíduos urbanos, referentes às “quantidades de resíduos” provenientes da recolha seletiva dos ecopontos dos concelhos de Coimbra e Figueira da Foz no Distrito de Coimbra e dos “quilómetros percorridos” para a recolha desses mesmos resíduos e o seu encaminhamento para a estação de triagem nos anos de 2009 a 2013. Por outro lado, com a informação recolhida sobre a tipologia dos camiões de recolha e respetivo ano de matrícula, recorreu-se ao software COPERT IV para obter as quantidades de CO2 emitidos por fluxo de resíduos, tendo conseguido fazer um balanço, recorrendo ao programa STOPWASTE. “Com esta calculadora, e fazendo as adaptações necessárias à realidade portuguesa, conseguimos calcular a quantidade de CO2 que se deixa de emitir para a atmosfera ao fazer a reciclagem das quantidades de resíduos recolhidos”, explica. A investigadora refere ainda que foi usada a percentagem de 4% como taxa de refugo (quantidade de resíduos que não são aproveitados para reciclagem), segundo os dados obtidos através da ERSUC.

No estudo não foram contemplados os quilómetros percorridos e as consequentes emissões de CO2 com o transporte da estação de triagem para as empresas recicladoras, por se tratar de um processo difícil de medir, contudo os valores não são considerados significantes ao ponto de alterar as conclusões alcançadas.

De acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente, em 2016 foram produzidas em Portugal 4 891 milhões de toneladas (t) de RU, mais três por cento do que em 2015 (4 765 milhões de toneladas), mantendo-se a tendência, ainda que ligeira, de crescimento dos anos anteriores. A par do aumento da quantidade de resíduos produzidos, em Portugal e em outros países da União Europeia (U.E.), uma das histórias de sucesso da política ambiental na Europa é o aumento das taxas de reciclagem de resíduos urbanos (como no caso da reciclagem de materiais, compostagem, etc). Segundo dados do Eurostat, os países do U.E. atingiram uma taxa média de reciclagem total de 33 por cento em 2014 (30 por cento em Portugal), em comparação com 23 por cento em 2004 (13 por cento em Portugal).

Os resultados da investigação realizada, agora lançadas em livro, foram incluídos na tese de doutoramento em Geografia apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, intitulada “Recolha seletiva: um balanço de energia e recursos face à dispersão geográfica. Estudo caso: concelho de Coimbra e concelho da Figueira da foz"”. Esta publicação é o 15.º volume da Coleção "Ciência, Saúde e Inovação | Teses de Doutoramento" da ESTeSC.

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