Confederações destacam impactos positivos de acordo UE-Canadá para agricultura e têxteis-lar

As confederações CIP e CCP consideram que o acordo de livre comércio entre União Europeia e Canadá (CETA) permitirá às empresas portuguesas desenvolver o “potencial exportador”, destacando impactos positivos para os setores da agricultura e dos têxteis-lar.
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Contactada pela agência Lusa, a CIP - Confederação Empresarial de Portugal diz sempre ter defendido "uma rápida implementação efetiva e integral” do CETA, cujas “disposições inovadoras” acredita que "irão conduzir a uma maior abertura comercial e de investimento, fundamentais para alavancar o crescimento e emprego dos países envolvidos”.

"A entrada em vigor do CETA permitirá que as empresas portuguesas desenvolvam o seu potencial exportador ao apostarem no mercado canadiano, que não só é de grande dimensão como é altamente sofisticado, ideal para a entrada de produtos de qualidade”, sustenta, destacando que “algumas das principais exportações portuguesas para o Canadá (têxteis-lar, calçado, cutelaria, produtos cerâmicos e mobiliário) ficarão isentas de direitos, ganhando competitividade no mercado”.

Já o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, destaca os impactos positivos nos setores ligados à agricultura e aos têxteis e aponta a importância do mercado constituído pela comunidade lusodescendente no Canadá, que consome produtos portugueses “de uma forma significativa e tem poder de compra”.

“O Canadá não está entre os 15 primeiros parceiros comerciais de Portugal, mas é mais uma porta que se abre neste momento em que é importante a diversificação das exportações portuguesas, atendendo às quebras em países como Angola, Venezuela, Brasil e China”, considerou.

Como menos positivo no acordo, o dirigente empresarial refere os “problemas relativos a algumas normas de qualidade no setor alimentar e outros, assim como alguns aspetos que têm a ver com registos de patentes e de marcas, que nem sempre são totalmente compatíveis com as práticas da UE”.

“No entanto – ressalva - como é uma operação ainda em pequena escala, não nos parece que seja muito perigosa”.

O tratado comercial de livre-troca entre a União Europeia e o Canadá foi assinado em 20 de outubro passado em Bruxelas, após um atraso motivado por desacordo entre os belgas, e tem agora de ser ratificado por todos os parlamentos dos membros europeus para entrar em vigor.

O CETA prevê a redução das taxas aduaneiras para um grande número de produtos e uniformiza normas para favorecer intercâmbios e para mudar profundamente as relações comerciais entre o Canadá e a UE, sendo que no caso das empresas portuguesas significa uma economia de mais de 500 milhões de euros por ano em impostos e um aumento da quota de acesso a concursos públicos no Canadá, em mercados como as telecomunicações, energia e transportes.

O tratado eleva gradualmente as quotas europeias para produtos agrícolas do Canadá e uniformiza as regulações de produtos como a maquinaria industrial, equipamento rádio, jogos ou equipamentos de medição. A proteção de patentes europeias no Canadá passa de 20 para 22 anos, reforçam-se direitos de autor, melhora a validação de títulos universitários e profissionais e facilita a expatriação de trabalhadores.

Bruxelas e Otava estimam que o CETA – que começou a ser negociado em maio de 2009 – terá um impacto anual de 12 mil milhões de euros para a UE e de oito mil milhões de euros para o Canadá.

A UE é o segundo parceiro comercial do Canadá, atrás dos EUA, enquanto o Canadá ocupa o lugar número 12 para a UE.

O Parlamento Europeu tem prevista uma votação do acordo para 17 de janeiro de 2017.

 

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