Instituto Confúcio da UA apoia ensino do mandarim nas escolas

A Universidade de Aveiro (UA) vai ter um novo instituto destinado a divulgar e promover a língua e cultura chinesas e reforçar a cooperação no domínio educativo entre a China e Portugal. Trata-se do Instituto Confúcio (IC), um tipo de organismo lançado e patrocinado pelo governo chinês em 2004 e que já está implantado em mais de 30 países. Assegurar o ensino de chinês a todos os níveis e particularmente em escolas de ensino secundário, em colaboração com o Ministério da Educação e Ciência, é um dos principais objectivos do IC da academia de Aveiro que, para isso, se assume como um centro de formação contínua de docentes portugueses de língua chinesa.
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A cerimónia de inauguração, que terá lugar dia 23 de Abril, a partir das 15h30, no Edifício 3 da UA, vai contar com a presença do Reitor da UA, Manuel Assunção, da Reitora da ULED, Sun Yuhua, de Huang Songfu, Embaixador da República Popular da China em Lisboa, de Wang Yongli, Vice-Diretor do Hanban (sede do Instituto Confúcio), de Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência, e de Miguel Poiares Maduro, Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional.

Resultado de uma parceria com a Universidade de Línguas Estrangeiras de Dalian (ULED), na China, o IC terá, como todos os homólogos espalhados pelo mundo, dois directores, um em representação da universidade de acolhimento, outro ligado à universidade chinesa parceira: Carlos Morais, antigo diretor do Departamento de Línguas e Culturas da UA, e, em representação daquela universidade chinesa, Cheng Cuicui.

UA quer língua chinesa ensinada nas escolas do país

“As oportunidades que se abrem para a UA com a instalação do IC, no que ao ensino da língua chinesa diz respeito, são múltiplas”, aponta o Reitor da UA, Manuel António Assunção. Atualmente responsável pelo ensino de chinês a cerca de 750 alunos dos 3.º, 4.º e 5.º anos do ensino básico de São João da Madeira, a UA quer replicar o sucesso do projecto, nascido em 2012 em parceria com a autarquia local, por outras escolas do país. Uma missão para a qual a ajuda do IC será fundamental.   

“Há uma oportunidade directa e óbvia para a UA [com a instalação do IC no Campus da academia] e que vem ao encontro da vontade do Ministério em estender o ensino do mandarim ao currículo do ensino secundário, replicando assim a experiência em São João da Madeira a outras escolas e autarquias do país que venham a aderir ao programa”, aponta Manuel António Assunção.

A introdução do ensino da língua chinesa no ensino secundário em Portugal, como disciplina opcional nos programas curriculares portugueses e com o apoio da UA, revela o responsável pela academia, “está já a ser protocolada” com o ministro Nuno Crato. “Tendo o IC professores que vêm da China para capacitar docentes portugueses no ensino da língua chinesa vamos ter capacidade de estender o projecto de São João a uma base mais alargada de escolas”, aponta Manuel António Assunção.

Centro de formação em mandarim para professores nacionais

Assumindo-se fundamentalmente como um centro de formação contínua de docentes locais de chinês, o IC da UA tem como objetivos paralelos divulgar e promover a língua e cultura chinesas, reforçar a cooperação no domínio educativo entre a China e Portugal e melhorar a compreensão mútua e a amizade entre os dois países.

Carlos Morais aponta que para além de querer “assegurar o ensino de chinês em escolas de ensino básico e secundário”, o IC vai “oferecer cursos gerais e específicos de Língua e Cultura Chinesa, criar o centro de exames de língua chinesa (HSK) e abrir um curso de orientação para o exame HSK, promover periodicamente actividades diversas e seminários sobre cultura chinesa e organizar visitas de estudo à China, para que os estudantes portugueses possam desenvolver in loco a língua chinesa e conhecer a cultura e a sociedade chinesas”.

No caderno de encargos do novo Instituto há ainda a disponibilização de estadias na China para os alunos de chinês da UA, a aposta no ensino à distância com a elaboração de materiais audiovisuais e a oferta de serviços de consultoria a empresas e instituições públicas.

“Com uma biblioteca devidamente equipada, um laboratório de línguas e uma sala multifunções [para aulas, reuniões e actividades diversas], o IC da UA, para cumprir estes objectivos, vai arrancar com três docentes, podendo alargar este número em função das necessidades e dos projectos que forem surgindo”, desvenda o director do IC indicado pela UA.

“É um facto indesmentível que a vinda do IC para a UA é uma grande conquista, atendendo ao trabalho que a UA tem vindo a fazer pela promoção e divulgação da cultura chinesa em Portugal”, diz Carlos Morais. 

IC cimenta mais de três décadas de ligação UA/China

Primeira instituição de ensino superior portuguesa a ministrar um Mestrado em Estudos Chineses, em 2001, a UA, também de forma pioneira, criou uma licenciatura em Línguas e Relações Empresariais, que oferece o chinês como unidade curricular, e posteriormente, um Mestrado com o mesmo nome, igualmente com oferta de língua chinesa.

Só nestes dois cursos, mais de 700 alunos aprenderam já a língua chinesa. Ao longo das últimas três décadas a UA assinou numerosos acordos de cooperação com universidades chinesas, dos quais se destacam os celebrados com a Universidade de Línguas Estrangeiras de Dalian, a Universidade de Zhejiang, a Universidade de Shanghai, a Universidade de Estudos Internacionais de Shanghai, a Universidade de Línguas Estrangeiras de Xi´an, a Universidade Normal de Harbin, o Instituto de Línguas Estrangeiras Huaqiao de Jilin, a Universidade de Macau e o Instituto Politécnico de Macau. Atualmente, ao abrigo de alguns destes protocolos, cerca de 60 alunos chineses estudam língua e cultura portuguesa

Dado o historial mútuo, a instalação do IC na UA reconhece o trabalho que a academia de Aveiro tem feito em prol da divulgação da cultura chinesa no país. “Sim”, concorda Cheng Cuicui, “a UA tem feito contribuições significativas para a promoção da língua chinesa em Portugal”. A instalação do IC na UA, lembra a responsável chinesa pela nova instituição, “foi também resultado do sucesso da visita da delegação do Hanban em 2014 [à academia de Aveiro] que possibilitou maior confiança em relação ao futuro do Instituto Confúcio nesta universidade com espírito criativo, visionário e inovador”.

“Como o nosso IC na UA tem como objectivo estabelecer um centro de formação de professores nativos que sejam capazes de ensinar mandarim em Portugal ou nos outros países, a primeira meta do nosso IC é discutir a possibilidade de reforçar a oferta formativa, abrindo outros cursos de licenciatura ou de mestrado na área de estudos chineses, arranjando oportunidades para os estudantes universitários portugueses na área de estudos chineses estudarem na China com bolsas do Hanban”, aponta Cheng Cuicui.

Nesse sentido, diz a directora, “a ULED vai ajudar a criar maior coerência curricular dos planos de estudos chineses e poderá também receber os alunos da UA que queiram frequentar os cursos de licenciatura ou de mestrado na área do ensino do chinês como língua não-materna em Dalian”.

 

 

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